23 agosto 2010

Rua dos Limões, 75

Nunca deixe que te definam.
Não em uma palavra.
Devemos sempre expandir.
Nunca nos resumir em um adjetivo fugaz.

Nunca deixe que te entreguem mapas.
Não olhe na direção que apontem.
Onde está o seu norte?
Para onde você realmente quer ir?

Não deixe que te comparem.
Nascemos belos por sermos livres.
Nascemos livres para sermos únicos.
Quem é você?

Tenha em mente que você existe por algum motivo.
E saiba que tem que fazer algo.
Que você sabe.
Que só você pode.

Saiba observar todos os momentos.
Cada segundo é especial.
E especial demais para ser desperdiçado.
Ser tratado como um piscar que aconteceu.

Deseje todo dia que seja o dia de sua morte.
E assim que acordar escolha como vai morrer.
Saia de casa ao encontro de seu destino.
E aja com naturalidade em cada segundo.
Caminhe em passos largos em direção ao fim.
Por fim. Viva!

14 agosto 2010

Cinza

Enquanto pode ser, é.
E queima. Como o ardor prazeroso do sol de inverno.
Quando não mais, morre.
E queima.
Como a frieza mórbida de gelo seco.
E dói.

E o eterno?
Dura enquanto pode ser.
Uma vida inteira.
Uma noite ou meia.
O minuto que está por vir.
Ou então, enquanto seus olhos puderem sorrir.

E hão brilhar.
Em uma fotografia.
Guardada a sete chaves.
Em uma gaveta escondida.

E outros olhos também vão brilhar,
lacrimejantes à imagem.
E desejar que o fogo volte a queimar.
Transformando tudo em cinzas
Que o vento possa soprar para longe
E que sobre apenas as marcas.
De um incêndio fugaz, leve e intenso.

22 julho 2010

Leve

Vou me despir de tudo aquilo que me incomoda
De tudo que me rasga a pele
Vou descarregar todo o peso excedente
Vou me ausentar de tudo o que me cansa.

Vou tirar de mim tudo aquilo que me arrasta
Vou soltar os grilhões que me ferem
Vou desviar de todo mal que me mata
Vou esquecer todos os objetos que me esquecem

Vou exorcizar todos meus demônios
Vou decifrar todos meus sonhos
Vou avaliar todos meus planos
Vou analisar meus medos

Vou caminhar na corda bamba
Das minhas mais fajutas esperanças
Vou vacilar a cada passo
Vou cair, vou voar, passear no vazio

E quando assim fizer
Vou começar de novo.

30 junho 2010

Patrícia

07 abril 2010

Fragmentos

25 março 2010

Eu

16 março 2010

Noite

É como se todos fossem apenas um susurro,
Uma voz tão suave que não podemos ouvir.
É como se todas as vozes fossem apenas um vazio
Um grito sem som na madrugada.

É como se todas as imagens fossem apenas o breu.
Como se todos os túneis não tivessem fim.
É como se todo quarto fosse escuro.
É como se todas as luzes não se acendessem.

Eu percebo os carinhos quase sempre em vão
Eu percebo olhos perdidos.
Eu vejo o brilho na íris.
Observo caminhos, para onde vão?
O brilho seco de quem não sabe o que quer.

Eu vejo passos errantes.
Observo rostos marcantes.
O asfalto brilha à luz do mercúrio
Eu resmungo música, lamúrio

Empurro o portão cambaleante
A fechadura automática dançante
É um passe de mágica está aberta
Eu vejo um gato, eu vejo porta.
Eu vejo um quarto eu vejo uma luz
Eu vejo uma cama vazia.....
Solidão é uma droga.
E é o meu vício.

24 fevereiro 2010

Colorido

Meus olhos piscam. Mais uma vez. E outra. Em um ritmo frenético. Como se eu pudesse ver a freqüência da televisão invadindo minha retina e percorrendo os nervos ópticos até que eu pudesse decodificar cada estímulo luminoso e formasse pouco a pouco a imagem em minha memória. Que imagem? Estou parado sentado piscando. O sono bate, mas não quero dormir. Ela me seduz. Ajeito-me no sofá, a posição está incomoda. Minhas costas doem, reluto em aceitar mas sei que é devido ao fato de estar sentado há muito tempo no sofá olhando a televisão, vidrado , concentrado e absolutamente perdido por não ter idéia de tudo o que eu assisti.
Faço um tour com um controle remoto em todos os canais, procurando algo interessante. Iludo-me seguidas noites em busca de uma novidade. A casa está apagada, completamente escura. Os únicos sons são dos cachorros que latem longinquamente e a televisão. Não, espera, a televisão não faz som. Agora olhando atento, escuto um diálogo qualquer sobre um assunto que eu não compreendo. Ahhh ela está ligada. Devia ter prestado atenção desde o começo. Vou mudar de canal. Um cachorro late perto de casa, desvio meu olhar para o lado esquerdo e procuro ver se existe algo diferente. Ele passa latindo. Volto a minha rotina. Pisco, três vezes seguidas, bocejo. Estou com sono, mas não queria. Já sei! Vou buscar uma Coca-Cola ela sempre me desperta.
Levanto e observo a casa escura, meu próximo desafio atravessar a casa sem acender as luzes, chegar na cozinha, me servir e voltar sem acordar ninguém. Não, espera aí. Eu moro sozinho. Tudo bem vou encarar o desafio.
Os primeiros passos são tranqüilos o brilho azul me guia até o primeiro portal. Dali em diante são sete passos até a porta da cozinha à direita, mais três passos e estou na geladeira. Pronto plano definido só falta executar. Levanto do sofá e caminho até o portal. Breu. Os três primeiros passos são confiantes, olho para trás e a luz azul fosca me convida a desistir. A tentação por segundos me domina, mas um bocejo me enche de coragem para prosseguir afinal de contas faltam apenas sete passos. Respiro fundo e continuo, quatro passos tateio a parede e encontro a entrada da cozinha. Minha respiração está ofegante, olho mais uma vez para trás a luz azul parece distante. Sigo três passos, desvio da mesa e pronto a geladeira. Abro a porta e a luz amarela é agradável, mas não reconfortante quanto a luz azul que me aguarda lúgubre do outro lado da casa.
Coloco a mão sobre a geladeira, pego uma caneca de vidro, caneca sobre a mesa, garrafa na mão. Preencho a caneca, fecho a garrafa, guardo e empurro a porta. Breu. Merdaaaaa! Cadê minha caneca? Sinto-me um idiota. Tateio dois segundos e abro a geladeira de novo. Avisto a caneca, recolho fecho a geladeira e caminho de volta. A volta é rápida e tranqüila sigo como referência a luz no fim do corredor. Paro na entrada avisto a TV postada frente ao sofá. Aquele cone de luz azul enche meus olhos de água, é como se eu voltasse para casa depois da guerra. Mas todo este conforto carrega um sentimento de tristeza que não sei explicar. É uma imagem difusa no meu cérebro, misto de emoções e projeções. Só me resta desfrutar daquilo que tanto me agrada. Caminho até o sofá, sento confortavelmente. Braço no braço do sofá, caneca na mão. Luz no corpo. Observo tudo em volta, está tudo perfeito.
Quase perfeito!Uma lágrima escorre dos meus olhos quando ergo a cabeça e vejo aquela imagem na tela. As faixas coloridas iluminam todo o retângulo brilhante. Onde estão meus amigos? A caneca se solta da minha mão, se espatifa em mil pedaços no chão, o líquido escorre em meus pés. Eu sinto molhado, mas não olho. Tenho o olhar fixo.
Meus olhos piscam. Mais uma vez. E outra. Quero estar aqui quando eles voltarem!

18 fevereiro 2010

Faísca de Vida



19 janeiro 2010

No fim de tudo